1º de Maio também é deles: Trabalhadores com deficiência exigem respeito, acesso e equidade
Neste 1º de Maio, Dia do Trabalhador, o Brasil precisa olhar com mais profundidade para um grupo historicamente invisibilizado: o trabalhador com deficiência. A data, símbolo de conquistas e resistência da classe trabalhadora, precisa também denunciar uma realidade que se mantém há décadas: a ausência de equidade no acesso ao trabalho para milhões de brasileiros com deficiência.
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“Não podemos tratar a empresa como única vilã. Existe um mecanismo social e urbano que precisa ser interligado. A pessoa com deficiência enfrenta a falta de acessibilidade desde o trajeto até a porta da empresa. O caminho é hostil: ônibus sem adaptação, calçadas irregulares, falta de intérprete, exclusão digital e barreiras atitudinais, como o capacitismo.”, completa.
Muitos profissionais com deficiência são tratados como “heróis” por conseguir romper barreiras que jamais deveriam existir. Mas eles não buscam aplausos: querem respeito.
“Essas pessoas não precisam de assistencialismo. Elas precisam de condições reais para exercer sua cidadania, como qualquer outro trabalhador”, reforça Bastos. “O que vemos, muitas vezes, é a ausência do básico: políticas públicas efetivas, fiscalização das leis existentes e acesso real à formação e ao trabalho.”
O preconceito, segundo ele, não é apenas no discurso. Está nos processos seletivos inacessíveis, na comunicação que ignora a diversidade, nas lideranças despreparadas e em ambientes que contratam, mas não desenvolvem, não acolhem e não retêm.
Uma década rompendo barreiras, sem verbas públicas
O Instituto Rede Incluir atua há mais de 10 anos na inclusão produtiva de pessoas com deficiência e reabilitados do INSS, e o faz sem receber verbas públicas.
Seu trabalho é sustentado por parcerias estratégicas e empresas que acreditam na equidade como valor organizacional.
Entre os apoiadores institucionais e parceiros estão:
Ministério Público do Trabalho da 1ª Região, Tribunal de Justiça do Estado do RJ, Superintendência Regional do Trabalho - RJ, Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região, FIRJAN, AEDIN-RJ, ACIJA, Cluster Automotivo Sul Fluminense, além de empresas como:
Araujo Abreu Engenharia, Grupo South, TIM Brasil, Dom Atacadista, Viva Rio, AM Automotive, Fas Saúde, Conlog, Vig Seg RJ, Grupo Tokke, Lytorânea Construtora, Wilson Sons e Grupo Cemeru.
Essas organizações compartilham do mesmo entendimento: inclusão não se faz com discursos. Se faz com estrutura, cultura e ação.
Neste 1º de Maio, o Instituto Rede Incluir reforça uma verdade urgente:
divulgar uma vaga não é sinônimo de inclusão. A pessoa com deficiência precisa conseguir chegar até a porta da empresa e, ao entrar, encontrar um ambiente que a reconheça como trabalhadora, não como exceção.
Há muitas leis, mas poucas são aplicadas. Falta fiscalização, políticas públicas articuladas e vontade política. Mas também falta um compromisso contínuo da sociedade com a inclusão como valor coletivo, e não como responsabilidade exclusiva de uma área de Recursos Humanos.
O 1º de Maio é o momento de reafirmar o valor do trabalho como caminho para a autonomia, dignidade e realização pessoal. Isso também vale e deve valer para as pessoas com deficiência.
É hora de parar de esperar que elas superem as barreiras. É hora de remover as barreiras.
O Instituto Rede Incluir segue atuando como elo entre empresas, poder público e trabalhadores, conectando talentos a oportunidades reais e ajudando a construir um mercado de trabalho onde todos possam crescer com respeito, estrutura e equidade.
Em 2025, a Lei de Cotas (nº 8.213/91) completa 34 anos. Ela determina que empresas com mais de 100 funcionários reservem entre 2% e 5% de seus cargos para pessoas com deficiência ou reabilitadas pelo INSS. Mas, apesar dos avanços legais, a inclusão ainda está muito distante da prática.
Segundo dados do Painel RAIS, apenas 1% das vagas formais no Brasil são ocupadas por pessoas com deficiência — e boa parte das empresas ainda não cumpre o mínimo exigido por lei.
A exclusão começa muito antes da porta da empresa
Engana-se quem pensa que a barreira está apenas no ato da contratação. “O preconceito não começa na empresa. Ele começa na ausência de políticas públicas que garantam o acesso da pessoa com deficiência à educação, qualificação, mobilidade urbana, saúde, cultura, moradia e, finalmente, ao emprego”, afirma Antoniel Bastos, presidente do Instituto Rede Incluir.