Capacitismo nos jogos paralímpicos de Paris 2024: Um reflexo da realidade cotidiana de milhões de brasileiros.

Os Jogos Paralímpicos de Paris 2024, se tornaram um marco na luta contra o capacitismo, um preconceito muito vivo não só no esporte, mas na vida cotidiana. Antoniel Bastos, presidente da Rede Incluir, falou em uma roda de conversa para mães atípicas que o combate a essas atitudes discriminatórias envolve nada menos que milhões de cidadãos brasileiros com deficiência.

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Verônica Hipólito, velocista campeã mundial e medalhista paraolímpica, também sofreu discriminação. "Não é superação, é treino. A deficiência nada mais é do que uma característica." Em entrevista ao El País Brasil, ela falou o que pensa sobre como os estereótipos e preconceitos afetam os atletas. Eu já vi cadeirante passar em frente à igreja e ouvir: 'vou orar para você melhorar'. Não queremos piedade de ninguém, queremos autonomia e inclusão". Essas experiências apenas resumem a luta diária comum a milhões de brasileiros com deficiência que também enfrentam barreiras semelhantes em suas vidas cotidianas.

Antoniel Bastos lembra que a inclusão é extremamente necessária para mudar percepções e atitudes. "Precisamos olhar além das deficiências e perceber as capacidades e contribuições de cada pessoa". Sublinha Bastos, "Essas campanhas, como a do Comitê Paralímpico Internacional, são fundamentais para educar o público e realmente mudar nossa maneira de pensar".

Segundo o IBGE, cerca de 18,6 milhões de pessoas no Brasil têm algum tipo de deficiência, o que representa 8,9% da população com dois anos de idade ou mais. Esses números mostram a importância tanto de políticas inclusivas quanto de políticas anticapacitismo para o esporte e a sociedade em geral. A luta dos atletas paralímpicos em Paris é o reflexo da realidade que muitos milhões de brasileiros vivenciam, e suas vitórias servem como um forte lembrete de que a inclusão é um direito de todos.

Para Patrícia Lorete, Especialista em Acessibilidade, Diversidade e Inclusão com foco em Pessoas com Deficiência. Autora do Instagram @janeladapatty, quando falamos em paralimpíada é impossível não destacar que ao contrário das olimpíadas, transmitidas pela TV aberta, as atuais paralimpíadas ficarão restritas a canais por assinatura. A falta de visibilidade na TV aberta perpetua a invisibilidade das pessoas com deficiência, reforçando estigmas e barreiras. Quando a mídia ignora esses atletas, está dizendo ao mundo que suas conquistas são menos importantes, menos dignas de celebrações. Torcer por esses atletas não é apenas um ato de apoio; é um ato de resistência contra o capacitismo. A não transmissão em TV aberta dialoga com o silenciamento das nossas pautas, e a falta de interesse por elas, que são as bases que sustentam a exclusão que nos atinge.

Os Jogos Paralímpicos de Paris em 2024 não vão parar no nível de uma competição esportiva; eles são uma plataforma na luta contra o capacitismo. O discurso de Antoniel Bastos e o que os atletas passaram levantam um alarme para inclusão e respeito urgentes. Tomemos um exemplo destes e trabalhemos juntos na construção de uma sociedade mais justa e inclusiva.

Capacitismo é a discriminação e o preconceito social contra as pessoas com deficiência, que se concretiza por meio de atitudes que menosprezam suas capacidades e os excluem do convívio social. Nos Jogos Paralímpicos, isso fica evidente na forma como tantos atletas são chamados de "participantes" e não de "competidores". A estrela brilhante da campanha do Comitê Paralímpico Internacional, Petrúcio Ferreira, demonstra que os atletas estão vindo a Paris para competir por resultados, e não apenas para participar.

Os atletas paralímpicos enfrentam um conjunto diferente de desafios, desde questões de acessibilidade até à subestimação das suas competências.