Inclusão da Pessoa com Deficiência no Mercado de Trabalho Não Começa na Porta da Empresa — Ela Começa na Cidade

Por Antoniel Bastos – Presidente do Instituto Rede Incluir – Uma matéria recente da Exame revelou um dado alarmante: mesmo representando quase 9% da população brasileira, as pessoas com deficiência ocupam apenas 4,6% da força de trabalho no país. Os dados são da startup Diversitera, que revelou ainda que 37% das empresas não garantem acessibilidade mínima em seus espaços. A pesquisa reforça algo que sempre alertamos no Instituto Rede Incluir: a inclusão não é só responsabilidade das empresas – ela precisa ser construída também nas ruas, nos ônibus, nas calçadas, na cidade e nas políticas públicas.

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em sua cultura organizacional o compromisso com a diversidade, mas enfrentam desistências por fatores externos aos seus muros. A empresa quer incluir, mas o colaborador com deficiência não tem acesso à mobilidade urbana digna, o que afeta diretamente sua permanência e qualidade de vida no trabalho.

É por isso que, com o programa Empresa Legal – Inclui - Emprega - Inspira, desenvolvemos uma trilha de transformação organizacional. Não somos consultoria, somos uma organização social que desenvolve programas e projetos concretos para ajudar empresas a construir ambientes acessíveis e inclusivos com ética, escuta e estratégia. Acreditamos que inclusão se constrói com envolvimento coletivo e responsabilidade compartilhada.

Como presidente do Instituto Rede Incluir, reafirmo:

“A verdadeira inclusão começa fora da empresa. Começa quando a cidade também está pronta para receber todos. E é exatamente por isso que, através do nosso programa Empresa Legal – Inclui - Emprega - Inspira, trabalhamos para que as empresas compreendam a importância de implementar uma acessibilidade razoável, que não é luxo, é direito. Essa adaptação, feita com empatia e responsabilidade, permite que todos tenham equidade de oportunidade dentro da empresa.”

Mesmo com todos os desafios que ainda estão do lado de fora dos muros corporativos, as empresas que caminham conosco se fortalecem para quebrar barreiras. Mas é essencial que o poder público, as prefeituras, os estados e os órgãos fiscalizadores também façam sua parte. Afinal, se dependêssemos apenas da visão "extra muros" — aquela que acontece antes do crachá, ainda teríamos milhões de brasileiros com deficiência fora do mercado de trabalho simplesmente porque a cidade não lhes garante o direito de ir e vir, o direito de viver com dignidade.

Enquanto isso não acontece, seguiremos sendo ponte. E ajudando empresas a não só abrir portas, mas garantir que todos consigam atravessá-las com dignidade e autonomia.

A Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Lei nº 13.146/2015) deixa claro que o direito à acessibilidade vai além dos ambientes corporativos. O artigo 46 prevê que é dever do poder público garantir acessibilidade nos sistemas de transporte coletivo urbano. Já o artigo 3º, inciso III, define acessibilidade como condição para autonomia e igualdade de oportunidades.

No entanto, diariamente, o que observamos é que, mesmo com empresas comprometidas com a inclusão, muitas pessoas com deficiência não conseguem sequer chegar ao local de trabalho. O caminho entre a casa e o ambiente corporativo está cheio de barreiras físicas e sociais: calçadas irregulares, ausência de transporte adaptado, sinalizações insuficientes, entre outros entraves que deveriam ser resolvidos pelo poder público.

No Instituto Rede Incluir, recebemos frequentemente relatos de empresas que querem contratar e incluem